Bolsa Estádio – por Milton Bigucci

Bolsa Estádio
por Milton Bigucci – 17 junho de 2010

Uma vergonha. O Morumbi, o maior estádio de futebol de São Paulo, não foi aprovado pela FIFA para os jogos da Copa do Mundo de 2014. Serve para clássicos brasileiros, Copa Libertadores, para eventos/shows e tem mais de 70 mil lugares. A FIFA só aprovaria se fossem aplicados mais de R$ 600 milhões em reformas, valor que daria para construir um estádio de futebol novo. Pelo que li, o São Paulo FC se dispôs a investir R$ 280 milhões para melhorar as suas dependências. A FIFA não aceitou.

Estou achando muita prepotência da FIFA, se é que não há certos interesses domésticos para que se construa um estádio novo em São Paulo.

Não quero acreditar nisso. Seria muita loucura e irresponsabilidade aplicar recurso público em um novo estádio. O custo benefício de um estádio é de prejuízo pela ociosidade. Acabada a Copa do Mundo, os empréstimos, as dívidas ficam e precisam ser pagas. Como? Com tanto problema em educação, saúde e transporte público que temos não é possível que se gaste recursos, que poderiam ser aplicados nessas áreas, em um novo estádio. Seria uma grande aberração e político algum seria maluco de aprovar essa despesa.

O mundo está passando por uma crise violenta, em especial, a Europa, onde está a sede da FIFA, que não pode se dar ao luxo de exigir gastos públicos para estádios que não dão lucro. Não me esqueço da época da ditadura militar quando se construíram estádios como o Pelezão, outros no Nordeste, tão grandes para a época que poucos foram usados em sua totalidade.

Um estádio não se paga e o nosso país tem outras prioridades básicas. Visite um hospital público e comprove o que estou escrevendo. A média de público na cidade de São Paulo é de 25 mil de pessoas por evento.

Estádios com mais de 40 mil lugares, em outros estados brasileiros, que tem como média de público por evento em torno de 2 mil pessoas estão recebendo recursos de milhões de reais para se tornarem ociosos após os 30 dias de Copa do Mundo.

Veja os estádios da África do Sul, ociosos. O que restou dos gastos no Rio de Janeiro com o Pan?

A FiFA dando ordens aqui no Brasil, é justo? Será que os idosos pagarão meio ingresso? É muita prepotência.

Veja o exemplo também da Grécia, que construiu estádios e ginásios de esportes para a sua Olimpíada e agora está falida, com estádios ociosos dando prejuízo.

Não quero acreditar também que haja alguma outra equipe de futebol de São Paulo que esteja esperando um Bolsa Estádio, isto é, ganhar um estádio de graça com recursos públicos, ou seja, pago por todos nós.

Será que todos os outros estádios, sede da Copa, são melhores que o Morumbi? Será que é melhor construir emergencialmente um novo estádio em São Paulo, para que não haja licitação? Será que o povo vai se calar novamente?

A educação, a saúde e a moradia popular exigem um pouco mais de decência. Só não vê quem não quer.

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