Bullying: o que é isto? – por Milton Bigucci

Bullying: o que é isto?
por Milton Bigucci – 19 de abril de 2011

Praticamente cada um de nós já teve ou tem algum ou alguns amigos e parentes que já sofreram discriminação em sua infância ou adolescência, na escola, no trabalho ou até mesmo em casa.

Por ser gordo, ou feio, ou baixinho, ou tímido demais (isolado com baixa interação social), ou gay ou lésbica.

Com certeza a autoestima desses adolescentes vai a zero. Daí para a depressão o espaço é curto.

Hoje se fala muito em bullying, uma denominação moderna do que sempre existiu com qualquer outro nome: gozação, humilhação, discriminação. Uma violência física ou moral, sistemática, contra alguém que não consegue se defender. A diferença é que hoje está se propagando com uma velocidade espantosa, sem que providências sejam tomadas.

Quem são os culpados para que ocorra o bullying? A família, a escola ou os próprios jovens? Acredito que todos têm uma parte de culpa, uns mais, outros menos.

Aquele infeliz, transtornado, que assassinou 12 crianças na escola Tasso da Silveira, no Realengo, no Rio de Janeiro, em abril deste ano, era filho de mendigo, manco, vivia sendo ridicularizado, carregado de problemas psíquicos, sem amigos, afastado das mulheres, vivia hostilizado, só e sem estrutura. Um esquizofrênico puro. Era um “Zé ninguém” na sua cabeça. Sempre magoado, tudo se precipitou com a morte da mãe adotiva.

A base da solução está na família. Os pais veem seus filhos bonitos e inteligentes, aceitando as gozações que eles fazem contra aqueles que não têm a mesma sorte e, por vezes até, ajudando na gozação. “Vejam aquele gorducho que não sabe jogar bola, tem medo das meninas.” “Será que ele não é gay?” “Na aula é fraquíssimo.” “É um nerd.” E daí afora. Cabem aos pais ensinar os seus filhos, mostrando-lhes que todos nascem diferentes e todos merecem ser respeitados, em qualquer nível social ou qualquer circunstância. Deve-se ensinar o amor ao próximo seja quem for. Como disse o transtornado infeliz: “todos riam e debochavam de mim”. Nada justifica a sua loucura, porém temos que nos aprofundar nas causas. É muito computador diariamente para a criança/jovem. Ele se escondia atrás dessas máquinas, vivia com elas. Não tinha amigos.

O excesso de liberdade nas escolas, sem limites, também é incentivador para esse tipo de ação. Com medo de perder o aluno a escola fecha os olhos para a violência praticada em seu ambiente. As medidas são sempre paliativas, pois há o medo de perder comercialmente o aluno. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em boa hora, criou no ano passado a função de professor mediador para sanar esses problemas, porém é bom que se diga que a sua função não é só para resolver conflitos, mas sim educar para evitá-los ou não deixar que aconteçam.

O jovem também tem sua parcela de culpa, menor que a família e a escola, porque em vários casos já são adolescentes/adultos e deveriam agir como tal. Normalmente, se mais jovens, não têm estrutura emocional, nem para atacar ou se defender. Por conta da impunidade, há jovens que agridem física e moralmente professores, imaginem os alunos?

Já há político se aproveitando ou querendo pegar carona na desgraça, propondo plebiscito para o desarmamento. Não tem nada a ver.

De qualquer forma é preciso mudar, refletir muito e mudar. A família tem a maior responsabilidade e depois, a escola. O excesso de liberdade e impunidade deve ser analisado e as normas morais devem ser seguidas. Como eu sempre disse, a educação do jovem tem excesso de SIM. Um NÃO de vez em quando é necessário. As rédeas têm que estar nas mãos dos adultos para que o jovem siga o caminho do bem e do respeito sem humilhar ninguém. Isto é família, isto é educação.

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