A vida por um fio – por Milton Bigucci

A vida por um fio
por Milton Bigucci – 20 de outubro de 2009

Um grande amigo meu, senão o melhor amigo, passou um grande susto no começo do ano com a chegada de uma doença maligna, com índice de cura de 2%. Em apenas sete dias descobriu a doença e operou. Nunca sentiu nada de qualquer doença. Foi um mal silencioso, descoberto por acaso no início. A família se apavorou e o meu amigo permaneceu “em pé” para não cair com todos. Em uma semana o mundo desabou, virou de cabeça para baixo. Após o susto da descoberta, em uma semana extirpou o mal, em uma feliz cirurgia de 11 horas. Fez quimioterapia, fez rádio, fez as duas juntas e parece que se safou. Só Deus sabe.

Nesses longos oito meses em nenhum momento o vi de cabeça baixa ou triste ou reclamando da vida ou perguntando aos céus por que eu? Nunca fumou ou bebeu, não gosta de comida gordurosa e nunca foi extravagante. Sempre dormiu bem e praticou esporte a vida toda. Nunca trabalhou no pesado. Sempre trabalhou muito e estudou. Tem uma família fora de série. Respeita todo mundo e todos o querem muito bem. É humilde e tem bom senso.

Conversando com ele, quis saber como ele enfrentou esse mal com tanta altivez. A sua resposta me impressionou:

“Seria muito egoísmo meu perguntar por que eu? Todos os seres humanos independentemente do sexo, idade, cor, nível social ou conta bancária, estão sujeitos à doença. Tenho um amigo, César, um funcionário, Sérgio, e um primo, Adilson, todos obviamente nomes fictícios, na mesma situação, com a doença maligna, lutando com muito amor para sobreviver. Não se deve dobrar à doença, deve-se continuar trabalhando se possível mais, para manter a cabeça ocupada, passeando, praticando seu esporte, cuidando da família, e o apoio dela é importantíssimo, pensando em tudo, menos na doença. E assim vou levando. Tenho consciência do alto grau da malignidade, porém sou mais forte. Até quando, não sei. Me curvar, jamais, Deus sempre esteve comigo, antes e depois. Era feliz e continuo”.

Enquanto secava o cabelo, este exemplo me fez repensar a vida. Tanta gente sadia, brigando por tanta banalidade, com egoísmo, sem saber aproveitar e agradecer cada minuto da vida, só reclamando de tudo. Que triste. Acho que cada cidadão são deveria visitar um hospital semanalmente e tirar proveito do exemplo de luta que cada um enfrenta. Talvez o mundo fosse melhor. As pessoas boas são a maioria absoluta no mundo, basta que pensem melhor e apliquem.

Infelizmente, algumas pessoas só chegam a essa realidade quando recebem uma doença. Até lá, sentem-se eternos e indestrutíveis.

Para reflexão de todos nós.

 

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