A venda que nos cega – por Milton Bigucci

A venda que nos cega
por Milton Bigucci – novembro de 2008

Algumas informações me deixam triste. Vi um relatório do PNAD – 2006 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio, do IBGE) onde os números são muito claros, embora frios. Dos 21 milhões de crianças entre zero e seis anos, 12 milhões (56%) vivem abaixo da linha da pobreza em famílias com menos de meio salário mínimo de renda per capital. Assim também mais de 18 milhões de adolescentes até 17 anos de idade. Há 1,3 milhões de crianças entre 7 e 14 anos que não sabem ler e escrever. Há mais de 400 mil crianças com menos de um ano de idade sem registro de nascimento.

É preciso que se aumente mais as taxas de emprego e qualificação das pessoas, para se ter uma melhora nesses números. Deve haver um plano plurianual, com metas a serem buscadas, caso contrário, daqui há decênios continuaremos a nos lamentar. É muita gente vivendo mal.

Pensem em cada uma dessas 30 milhões de pessoas. Em cada uma. Os grandes números são realmente muito frios. Mas cada uma dessas crianças ou adolescentes, é uma pessoa como nós que deve se alimentar bem, se vestir decentemente, ter as mesmas condições de higiene, um teto digno, acesso a saúde, educação e cultura razoáveis. Mas assim não é.

Falta vontade coletiva para sanar. Não é socialismo é vontade de melhorar. A melhor forma de vida é a democracia onde cada pessoa pode ter esperança, garra, luta para “subir na vida”. Há poucos dias estive em Havana (Cuba) e voltei muito triste, pois vi o que é o socialismo na prática, um mundo de gente, sem incentivo, vivendo mal, sem habitação, sem produção, alguns carros antigos e horríveis, tudo o que existe é da década de 50. A igualdade existente, significa a repartição da pobreza. Os salários de 15 a 27 dólares por mês, de um taxista a um médico. Um absurdo.

O regime democrático é o ideal, porém deve também ser direcionado para corrigir as falhas do sistema econômico.

Nenhuma criança ou jovem podem ser condenados a viver na miséria. A realidade aí está.

Está na hora de tirarmos à venda que nos cega.

 

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