O futuro do mercado imobiliário no ABC – por Milton Bigucci

O futuro do mercado imobiliário no ABC
por Milton Bigucci – 11 de maio de 2015

Trabalho há 53 anos no mercado imobiliário do Grande ABC. Mais especificamente, em 19 de maio de 1961 comecei a trabalhar em uma construtora do bairro do Ipiranga-SP (Itapuã) e a construir na Região do ABC.

Na época, a Região se resumia em empresas automobilísticas e milhares de empregos. Por exemplo, a Volkswagen ao longo dos anos teve mais de 40 mil empregados. Hoje tem 13 mil, produzindo próximo do mesmo volume de autos que produzia à época.

Os projetos de construção na Região eram aprovados em grandes terrenos, onde as construtoras faziam as ruas, doavam à Prefeitura e executavam centenas de casas térreas. Depois vieram os sobrados, os prédios individuais e os condomínios verticais com várias torres. Existia um déficit habitacional muito grande para atender os milhares de trabalhadores do ABC. A construção civil ainda era um tanto amadora.

Hoje tudo mudou.

Com a abertura de capital das construtoras (2007), chegou-se à profissionalização e produção em série. Na busca por excelência e qualidade, a remuneração passou a ser por produtividade.

As construções ficaram mais modernas, menores em tamanho privativo, maiores em áreas comuns de lazer, em função do bolso e necessidades dos compradores. Os financiamentos estão mais ágeis e mais abundantes. A tecnologia, cada vez mais está presente na área, tornando o trabalho mais rápido e mais barato para os clientes. Hoje a burocracia pública ainda onera muito o custo das moradias e deve ser revista pelos órgãos competentes, que devem aumentar a eficiência e diminuir a burocracia que encarece.

Acredito que no futuro a padronização também fará com que os custos baixem. Nos EUA as casas são construídas com base de concreto, a parte de cima em madeira e as paredes internas todas em drywall, bem mais baratas do que no Brasil. Aqui ainda é um problema cultural explicar para o comprador e fazer com que ele aceite essa tecnologia do drywall, mesmo com preços menores.

As construções também deverão ser mais sustentáveis, mais “verdes”, com economia de água e luz, coleta de lixo reciclável, energia solar, aumento do uso do gás canalizado não-poluente etc. Isso tudo já está sendo aplicado na Região, mas ainda em pequena escala.

A necessidade de habitação sempre vai existir mesmo com os “maus momentos da economia” para lançamento de imóveis. Quem casa quer casa. Os empresários da construção civil precisam ter cada vez mais criatividade para inovar e atitude para agir. Hoje, mesmo com o sucesso do “Minha Casa, Minha Vida”, ainda há um déficit habitacional acima de 4 milhões de moradias no país.

O poder público também deve atentar-se para a mobilidade urbana, como a chegada da Linha 18 Bronze do monotrilho, nos próximos anos, que virá em boa hora. O Grande ABC é a primeira região metropolitana de São Paulo a receber esse transporte público diferenciado.

Em cidades maiores e mais avançadas no mundo os espigões sobem a mais de 50 andares e o transporte público é bom, por isso deve-se atentar para este item. Não adianta restringir as construções, pois o povo precisa morar; isso só ocasiona a alta de preços.

A parceria entre empresas e o poder público é fundamental, pois assim os custos certamente cairão no produto final e a população é quem paga. Primeiro a saúde e em seguida uma moradia digna, é isto que todos temos de buscar.

O futuro só Deus sabe, mas sou otimista e tenho muita confiança nesta Região, que adoro. Acredito na moradia própria ao alcance de todos.

Com bom senso chegaremos lá.

 

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