Alerta – por Milton Bigucci

Alerta
por Milton Bigucci – 15 de março de 2012

O Senado brasileiro tem mais de 50 pessoas empregadas em cada gabinete de senador com salários entre R$ 10 mil e R$ 24 mil mensais, desde enfermeiro, TI, motorista e assessores de todo tipo. O custo do Senado para atender 81 senadores está perto de R$ 2 bilhões anuais. Tem perto de 9 mil funcionários. Vi pela imprensa que estão abrindo concurso para admitir mais 246 funcionários. O volume de ministérios no país tem aumentado nos últimos anos, inchando mais o Estado e o custo Brasil.

De outro lado, o PIB do Brasil caiu em 2011 para apenas 2,7%. Com exceção de 2009, que foi de menos 0,3%, em função da crise internacional, 2011 foi o pior ano para a indústria brasileira desde 2003 (PIB de 1,1%). Embora já sejamos a sexta economia do mundo, atrás apenas dos EUA, China, Japão, Alemanha e França, devemos agir rápido. Na América do Sul o Brasil é o país que menos cresceu em 2011 (2,7%) contra 8,8% na Argentina, 6,9% no Perú, 6% no Chile e 4,3% na América Latina. Isto não acontecia desde 2006. O mundo cresceu 2,8%.

A forte concorrência dos importados (em especial dos países asiáticos) e a dificuldade de exportar têm levado a nossa indústria a perder espaço (PIB de apenas 1,6% em 2011). Empresas micros e pequenas são as que mais sofrem com a concorrência chinesa.

Os fabricantes de veículos têm tido aumento na inadimplência. Desde julho de 2011 o Grande ABC tem perdido vagas nas suas indústrias, sinal amarelo para os demais segmentos.

A taxa de juros Selic baixou para 9,75% e deve baixar muito mais, pois é alta, para que os recursos sejam aplicados no aumento da produção e no consumo. As taxas de juros americanas (de 0 a 1,1% ao ano) e europeias (de 2% a 3% ao ano) incentivam o capital estrangeiro a vir para o Brasil. Somos a bola da vez, porém não podemos “cantar glórias”. Se não reduzirmos o custo Brasil, valorizarmos o dólar e mantermos a inflação baixa, tudo pode virar (vejam a Grécia).

O governo deve desonerar a indústria, cortar novas contratações e gastos públicos. A carga tributária é alta no país. E a reforma não sai.

Por que o brasileiro gosta de viajar para os EUA? Para comprar bem mais barato do que paga aqui no Brasil.

A construção civil, que teve bons anos de 2007 até 2011, deverá também sofrer com essa situação. O contágio é óbvio. Nesses últimos anos, o PIB da construção civil evoluiu bem mais que o do Brasil, ajudando-o a melhorar o seu índice. Por exemplo, em 2010, o PIB do Brasil foi de 7,5% e o da construção civil, 15,2%; em 2011, o do Brasil foi 2,7% e o da construção civil 4,9%. Enquanto o emprego na Indústria, de fevereiro de 2011 a janeiro de 2012, avançou 0,8%, o da construção civil aumentou 7,32%. Vejam a importância da construção civil no desenvolvimento do Brasil. A construção civil só em janeiro de 2012 empregou mais de 50,8 mil trabalhadores, ou seja, 1,6 sobre dezembro de 2011. Novamente, deveremos crescer acima do PIB do Brasil.

Agora que o trabalhador da construção civil está ganhando bem, não pode perder essa qualidade de vida. O acesso à casa própria também tem que permanecer sadio.

Sou um otimista por natureza e tenho pena dos derrotistas, pois um país só evolui com trabalho e bom senso. Mas é hora de medidas gerais mais ágeis na economia. Se ficarmos balançando em berço esplêndido, o berço pode virar.

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