Como atrair capitais – por Milton Bigucci

Como atrair capitais
por Milton Bigucci – junho de 2007

Municípios que querem atrair capital precisam repensar suas leis

O gigantismo da indústria imobiliária nacional significa, obrigatoriamente, desenvolvimento social, diminuição do déficit habitacional, geração de empregos, e, algo muito importante: abertura de capital para o setor.

O capital sempre busca as melhores oportunidades, mas também nos cobra facilidades para que este mesmo capital possa interagir saudavelmente com determinada região. Cabe a nos, empresários e empreendedores, detectar novos e criativos nichos de negócios, descobrir as demandas dos investidores, cobrar incansavelmente dos Poderes Públicos uma postura mais proativa, principalmente no que se refere ao “destravamento” da legislação vigente, o que, por exemplo, redundará em facilitadores para a construção civil. O combate à burocracia esbarra no realinhamento de normas e procedimentos dos órgãos públicos – que muitas vezes enfrentam os mesmos problemas que afligem o nosso mercado.

Carecemos de velocidade na atração de capital, e também de parcerias, que são um instrumento real na obtenção de bons negócios. E, para consolidar esse ciclo virtuoso, não é preciso que grandes empresas “engulam” aquelas menores. Tamanho nunca foi documento, o que importa é o conhecimento das peculiaridades de cada região.

Uma forte tendência atual é o investimento em Habitação de Interesse Social (HIS), por exemplo. O empreendedor que conseguir enxergar rapidamente essa fatia de mercado, com certeza garantirá ótimos frutos.

Outro ramo crescente e promissor é o mercado de loteamentos, que se expande exemplarmente pelo interior de São Paulo. Aliás, outro dia estive em visita a um desses empreendimentos populares, no Noroeste paulista. Percebi que, atendendo a lei municipal específica, ali existem ruas largas (além do necessário para esse tipo de loteamento) e, numa dessas ruas, com aproximadamente 300 metros de comprimento, havia apenas dois carros (um Fusca e um Chevete, velhos). Rua larga, totalmente desnecessária aos moradores, sem qualquer tráfego, asfaltada, totalmente sem uso, e que só encareceu o produto final.

A quantidade de doações de áreas (que muitas vezes, lamentavelmente, servem para depósito de lixo), praças e recuos é um exagero, e, com certeza, desde a concepção até o lançamento, vários outros itens devem ter sido embutidos àquele projeto, mas que representaram custo maior para quem comprou um lote. O comprador, de parcos cursos, comprou um lote com estrutura maior que a sua necessidade, pagou e não usa. Se não houvesse tanta urgência publica para esse tipo de loteamento, com certeza o custo seria menor, e estar-se-ia atingindo uma camada maior da população ainda mais carente. Para que gastar tanto, para atender uma massa que apenas quer morar bem? Os excessos legais são desnecessários. Temos legislações do Canadá, para uma população carente do Brasil. A grande diferença é que essa população carente está pagando por tudo isso.

O nosso mercado está se nacionalizando, e somos nós que devemos zelar pela sua sustentabilidade, enfim, por sua credibilidade. Devemos mostrar aos governos federal, estadual e municipal, e também à sociedade, de que forma o capital pode ser bem aproveitado com seriedade, profissionalismo, e cobrar a adequação das leis, para facilitar a vida do comprador e baratear o custo dos lotes.

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