O furacão e o Orlando City – Milton Bigucci

O furacão e o Orlando City
por Milton Bigucci – Outubro de 2015

No dia 29 de agosto de 2015, estava com minha esposa, passando uns dias de férias em Orlando, EUA, quando foi noticiado que um furacão de nome Érika estava próximo a nós, na região de Orlando, na Flórida. Instantaneamente a imprensa e a internet noticiaram que era para todos se abrigarem se houvesse o alerta máximo.

Dois dias antes do furacão previsto, tudo normal, com sol; fui assistir ao jogo de futebol (soccer) Orlando City, time do Kaká, e o Chicago Fire, pela 1ª Divisão do Campeonato Americano. Quem me conhece sabe o quanto gosto de futebol.

Mais ou menos 10 mil pessoas espalhadas pelo estádio. Início do jogo marcado para as 19h30, quando veio uma tempestade forte. Adiaram o início do jogo para as 20h30. Pediram pelo autofalante e nos luminosos para todos se retirarem dos seus assentos e procurassem um abrigo. Alerta geral. Dez mil pessoas saíram e ficaram no térreo do estádio, embaixo das arquibancadas e cadeiras, e protegidas pelo concreto. Às 20h30 avisaram nos painéis luminosos que o jogo não iria começar. Por um bom tempo, as duas equipes se aqueceram no campo. A torcida gritando o nome dos seus ídolos, com batucada e tudo. O jogo começou às 21h15. Às 21h33, com 18 minutos de jogo, o juiz paralisou a partida (0X0), mandou todos para o vestiário por causa do volume de chuva e dos raios e relâmpagos que cortavam o céu. De novo pediram pelo autofalante e luminosos que os expectadores se abrigassem. ‘Sinal máximo de alerta. Procure imediatamente um lugar seguro’. Todos saíram dos seus lugares e procuraram abrigo, sem correria, sem gritos, em ordem e em paz. Não ficou uma pessoa dentro do estádio. Estou falando de 10 mil pessoas. Desistimos e fomos embora com uma chuva violenta, acompanhada de raios.

No dia seguinte soube que o jogo continuou e foi 1 X 1. O que me chamou a atenção foi o respeito às ordens. Por duas vezes todos saímos dos nossos lugares, a maioria descobertos, e depois voltamos sem um barulho, sem vaias, sem correria. Tudo parecia normal, sem qualquer medo.

Narrei este episódio apenas como curiosidade e para mostrar a diferença cultural dos povos e suas reações e respeito às ordens. Se fosse aqui no Brasil seria igual?  Para pensar.

Nos dias que se seguiram o furacão não veio. Um pouco de emoção faz bem à saúde.

 

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