Menos impostos, menos “Bolsas” e mais gestão

Menos impostos, menos “Bolsas” e mais gestão

*Milton Bigucci

Ultimamente só temos ouvido notícias ruins de que há necessidade de criar mais impostos (CPMF) e receitas públicas.

Sobre a gestão pública pouco se fala, como por exemplo, em fazer as reformas previdenciária, trabalhista e política. Estas, parece incrível, são “imexíveis”. Mexer em corte de despesas significa perder votos e apoio. Será?

Será que a outra parte da população que está desempregada hoje, o empreendedor que está falindo ou fechando seu negócio ou quem ainda esteja empregado, também não vota?

O país está triste e sem perspectiva próxima. Está precisando de uma dose de otimismo e confiança. Quando há o cliente interessado em comprar algo ou assumir um compromisso financeiro, ele pensa duas vezes e não consome ou não compra. Ele está inseguro, com medo do desemprego ou da quebra.

Na gestão pública está faltando transmitir segurança ao consumidor. As empresas estão tinindo para produzir, o que falta é o comprador; e não é com discurso que vai se resolver. São necessários atos mais fortes que transmitam segurança.

Enquanto os juros estão acima dos 14% ao ano para quem precisar produzir ou financiar, o trabalhador é penalizado há anos com um FGTS pagando-lhe apenas 3% ao ano mais o indexador.

O país, como fazemos em nossas empresas ou em nossas casas, deve cortar despesas e há muitas desnecessárias. Temos que ajudar o governo apoiando-o em medidas que visem reduzir os custos e cobrar resultados sem aumentar impostos, pois a carga tributária já é uma das mais altas do mundo.

O povo precisa voltar a ter confiança, pois sem ela não há consumo e sem ele as empresas param, o desemprego aumenta (já são 10%) e a roda econômica não gira.

Precisamos de um choque de otimismo com medidas fortes de corte de despesas. Sem isso fica difícil fazer a economia girar.

Falta um plano de governo para o país, pois parece que o que temos hoje é apenas um plano de poder.

Mexer nos “Bolsas”, dando emprego aos que só recebem sem trabalhar, está distante. Quem vai dizer que toda a população precisa trabalhar, tendo como exceção apenas as crianças e os doentes? Boa parte da população que recebe os “Bolsas” poderia trabalhar e produzir com um pouco de boa vontade. Seriam milhões de pessoas ativas que não estariam sobrecarregando quem trabalha e paga a conta.

O que está errado é a política. Nada contra o social, mas estamos apenas eternizando a miséria, para não dizer que estamos multiplicando a miséria. Precisamos mudar a cultura do “receber de mão beijada”. Como disse o vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2015, Angus Deaton: “Os pobres precisam de governos que os guiem”. Não é dando que se ensina. Aliás, como fazemos com os nossos filhos.

Quão bom seria ver toda a população trabalhando, tendo como exceção apenas os doentes e crianças. Nos EUA os velhos trabalham e você nota que são felizes por serem úteis. Temos de aproveitar melhor essa experiência.

Quem terá a ousadia de mexer nos “Bolsas”? A situação com certeza não. A oposição também não põe a cara. Lamentável, e assim vamos seguindo até quando não sei, com os gastos públicos superiores à arrecadação.  O que vale são os votos e não o progresso.

Menos discussões e mais ações concretas é o que o país precisa. A confiança, depois de perdida, é mais difícil de voltar. Então, só medidas fortes farão o consumidor acreditar e não ter medo de gastar.

Menos impostos, menos “Bolsas” e mais gestão para voltar a confiança e o otimismo.

*MILTON BIGUCCI é presidente da construtora MBigucci, presidente do Conselho Deliberativo da Associação dos Construtores do Grande ABC, membro do Conselho Consultivo Nato do Secovi-SP e do Conselho Industrial do CIESP, conselheiro vitalício da Associação Comercial de São Paulo e conselheiro nato do Clube Atlético Ypiranga (CAY). Autor dos livros “Caminhos para o Desenvolvimento”, “Somos Todos Responsáveis – Crônicas de um Brasil Carente”, “Construindo uma Sociedade mais Justa”, “Em Busca da Justiça Social”, “50 anos na Construção” e “7 Décadas de Futebol”, e membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, cadeira nº 5.

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