Empresas familiares

Milton Bigucci *

Conforme o IBGE e o Sebrae, 90% das empresas brasileiras são familiares e representam 65% do PIB.

Em um país que alcançou 13 milhões de desempregados com a pandemia do coronavírus, muitos estão tentando se unir com familiares e criar um negócio próprio.

Uma família empreendedora, além de unir mais os laços, cria uma força mais rígida para buscar o sustento da família.

Não concordo com aqueles que dizem que o sucesso vem com a mistura da família e dos negócios. A linha divisória dever ser bem clara. Cada membro da família tem a sua microfamília e não deve sofrer interferência. A empresa gerida pela família deve preservar essa independência. Todos devem lutar para uma causa única, pois é ela que vai sustentar o todo. O fim a que ela se propôs, produzir e construir, é o objetivo principal.

Jamais misturar problemas familiares de cada membro ou família com a empresa. Há noras, genros, netos que gastam mais e outros que gastam menos. Cada grupo deve administrar o seu.

A figura do fundador, vivo ou morto, bem como a cultura da empresa, devem ser preservadas para servir como exemplo para as futuras gerações.

Cada membro da família tem um perfil e deve ser aproveitado em área compatível.

É difícil decidir entre a empresa e a família, porém emoções não podem falar mais alto. Tudo tem que caminhar com harmonia. Nada é matemático. Estamos falando de gente, pessoas. Não tem mais velho, mais novo, mais ágil, menos elétrico. Tem onde cada um rende mais para o bem comum que é de todos. Nenhum é mais importante que o outro. Apenas que ele deve ser colocado no lugar certo.

Tem que haver uma mão forte no comando para não deixar misturar família com empresa. É um exercício diário. Toda hora surge um fato novo expondo essas emoções.

Um outro fato importante que tem sido muito falado durante a pandemia é sobre a sucessão familiar: segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), em 2019, a maioria das empresas brasileiras (72%) não tem um plano de sucessão para cargos-chave, o que pode colocar em risco a empresa, por mais sólida que seja.

Inevitavelmente, o bastão precisará ser passado, em algum momento, para a segunda, a terceira ou as próximas gerações de descendentes. Segundo outra pesquisa conduzida também pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), 71,7% desses negócios sobrevivem sendo geridas pelos herdeiros, porém, com o passar do tempo, a quantidade de familiares na empresa cai, sendo 28,7% na terceira geração e somente 5,7% na quarta geração.

Portanto, quanto mais unida e planejada for a família e a empresa, melhores serão os resultados patrimoniais e familiares, em qualquer situação.

A nossa MBigucci é um exemplo disso. Uma empresa vencedora ao longo dos seus 36 anos de vida. Começou pequenininha e hoje está entre as mais fortes e saudáveis do país, caminhando para sua segunda geração.

*MILTON BIGUCCI – é presidente da construtora MBigucci, conselheiro vitalício e membro do Conselho Fiscal da Associação dos Construtores do Grande ABC, membro do Conselho Consultivo Nato do Secovi-SP e do Conselho Industrial do CIESP, conselheiro vitalício da Associação Comercial de São Paulo e conselheiro nato do Clube Atlético Ypiranga (CAY). Autor dos livros “Caminhos para o Desenvolvimento”, “Somos Todos Responsáveis – Crônicas de um Brasil Carente”, “Construindo uma Sociedade mais Justa”, “Em Busca da Justiça Social”, “50 anos na Construção” e “7 Décadas de Futebol”, e membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, cadeira nº 5, cujo patrono é Lima Barreto.

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