Crise Estranha – por Milton Bigucci

Crise Estranha
por Milton Bigucci – 1º de março de 2009

O mundo está contagiado por uma crise que a cada número negativo divulgado, principalmente os dados de bancos e seguradoras, espalha horror pelos vários continentes. Os Estados Unidos, onde nasceu o problema, e a Europa são os locais que mais estão sofrendo os efeitos.

No Brasil, o primeiro impacto, no último trimestre de 2008, assustou. Algum pânico, demissões, vendas em baixa etc. Agora em 2009 parece que já nos acostumamos e em alguns casos demos a volta por cima. Veja a indústria automobilística: fevereiro de 2009 foi o melhor fevereiro da sua história, com 191 mil veículos vendidos. Estão chamando funcionários de volta. A redução e isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) ajudou e muito.

E na construção civil? Os números de venda estão próximos aos números de 2006/2007. Já 2008 foi um ano atípico. Os lançamentos foram reduzidos mais pelo receio do comprador perder o emprego. As empresas, no entanto, estão vendendo. O Brasil tem ainda um grande déficit habitacional. A MBigucci teve o segundo melhor fevereiro de sua história de vendas. O que mais se vendeu foi para a classe média, tanto na Capital como no Grande ABC. Pesquisa da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC (Acigabc), mostrou que 2008 teve 47% a mais de vendas que em 2007, nos três principais municípios locais.

Em 2008 houve no Brasil o recorde de 299 mil unidades habitacionais financiadas com recursos da Poupança, e o emprego aumentou 17,36% sobre 2007. E a meta do Governo Federal de construir um milhão de habitações para famílias de baixa renda nos próximos dois anos, como fica? Não haverá mais empregos a serem ofertados? E a crise?

A MBigucci lançou em novembro de 2008, no olho do furacão da crise, o condomínio clube Exuberance, na Av. Winston Churchill, 1.477, em São Bernardo do Campo, com apartamentos de 2 e 3 dormitórios, e teve até agora um excelente sucesso. Continuamos a preparar novos lançamentos e a comprar novos terrenos. Não demitimos ninguém, pelo contrário, em alguns locais e funções, admitimos.

Se o governo fizer algo, como está alardeando, para incentivar o crédito e desonerar os custos (36% de carga tributária é um exagero), a construção civil verá a crise à distância.

Os preços das commodities caíram e afetaram muita gente e, por consequência, respingaram em todos, mas, especificamente na construção civil, por não depender de importação, bem menos. Há casos que já vinham mal antes da crise,  exageros de lançamentos em locais que não tinham necessidade, o chamado efeito “manada” ou excesso de oferta, e a crise está apenas sendo usada como justificativa.

Até o momento a crise é muito estranha. Parece que não entendemos bem o que está acontecendo. Em alguns casos é uma marolinha e em outros um tsunami. Tomara que ela fique bem longe de nós brasileiros.

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