Ao mestre com carinho – por Milton Bigucci

Ao mestre com carinho
por Milton Bigucci – 04 de julho de 2011

Poucas pessoas sabem, mas eu também sou professor. Registrado no MEC, embora nunca tenha dado aula. Ainda não deu tempo de lecionar. Mas acompanho as suas alegrias e as suas agruras. Aliás, mais agruras que alegrias.

Falar do baixo salário é chover no molhado, pois desde que eu conheço a profissão no país, o mestre é mal remunerado, quando deveria ser uma das profissões mais bem pagas, pois, a meu ver, a educação é a base para qualquer país que se preze e queira se desenvolver social e economicamente. Vide a Coreia do Sul, emergente que está se desenvolvendo vertiginosamente, focada na base da educação.

O professor é a base e deve ser incentivado até para melhorar as notas dos alunos, cujas provas continuam, em geral, sendo padrões. Só o professor pode avaliar se aquele aluno que foi mal na prova, por qualquer motivo alheio, merece uma nota adicional.

Parece-me, trabalhando com jovens, e há boas exceções, que eles não gostam de pensar. Tudo é brincadeira, festa, alegria. A busca do conhecimento passa longe. Quanto à disciplina, pior. Que saudades das minhas primeiras professoras: dona Olária e dona Juventina, como eram bravas, mas aprendi.

Para a família, qualquer problema que há, o culpado é o professor. O seu filho ou neto está sempre certo. A família também tem que mudar o seu comportamento e deixar de achar que o filho ou neto nunca está errado.

É preciso o que então?

Capacitar mais o mestre, exigir mais respeito dos alunos e não tratá-lo como um cliente que está dando lucro na contabilidade da escola. Não sei se vocês sabem, mas as grandes redes escolares (empresas) compram outras escolas, pagando um “X” em real por aluno matriculado.

Os alunos não são mercadorias, temos que dar-lhes direitos e eles já os conhecem de sobejo, cobrar-lhes obrigações, que parecem estar restritas ao pagamento da mensalidade. Têm-se que aculturá-los com outra visão, que eles estão lá em busca de conhecimento básico, técnico ou científico. O mercado de trabalho felizmente está aberto e a todo o vapor e é aí que se percebe como a base de conhecimento está fraca. Erros crassos e elementares de português e matemática, imaginem nas matérias mais específicas.

O Brasil tem que melhorar também a qualificação dos seus mestres, reciclá-los, exigir deles e dar-lhes poder para ensinar e cobrar dos alunos, pagando-lhes uma remuneração a altura do que conhecem.

 

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