A indústria está indo a nocaute – por Milton Bigucci

A indústria está indo a nocaute
por Milton Bigucci – 18 de junho de 2012


O Brasil está com um problema sério nas suas indústrias. Fruto das concorrências internacionais com a China e vários países asiáticos e da falta de uma política incentivadora à produção e o crédito, continuamos perdendo espaço.

Outro fato que nos chama a atenção é o alto custo do crédito para o consumidor final. Os agentes financeiros, cartões de crédito e cheques especiais chegam a cobrar até 10% ao mês para linhas de crédito de produtos de bens duráveis ou não e compras a prazo. Por exemplo, o consumidor compra uma geladeira e paga duas em prazo curto.

Com essas altas taxas de juros não há incentivo para que o consumidor compre e pague, e de outro lado a indústria que deveria estar cada vez produzindo mais, fica assustada e limitada. O empresário não investe o que poderia. O crédito deveria ser incentivado e com certeza a produção e a indústria girariam com maior vigor. Os juros altos inibem o consumo e culminam em maior inadimplência.

Veja o bom exemplo da construção civil. Nos últimos anos a sua produção, consumo e o seu PIB, foram superiores aos do País. O crédito farto, os prazos de financiamentos habitacionais mais longos, a redução das taxas de juros – beirando a SELIC ou menos –, para a moradia popular mantiveram a indústria da construção civil girando a todo o vapor e incentivando o comprador a ter a sua casa própria. Esse exemplo óbvio da habitação poderia ser adaptado também às indústrias de bens básicos e por que não às demais?

Quando a indústria vai mal há um desconforto geral no mercado com o receio do desemprego e os outros segmentos tiram o pé do acelerador. Veja o exemplo do trabalhador da construção civil que nunca foi tão bem remunerado e onde não há desemprego. Experimente fazer uma reforma em sua casa e veja a dificuldade para arrumar um profissional, e quando arruma é muito caro. Por quê? Estão felizes, com emprego sobrando.

É preciso comprar produtos nacionais competitivos e incentivar o emprego aqui, não na China ou nos países asiáticos.

Continuo achando que estamos no caminho certo, embora com lentidão e medidas paliativas ou pontuais. Medidas de redução ou isenção de IPI e IOF são excelentes, mas o problema não é só tributário. Mexer nos juros é mais incentivador para a indústria girar, pois incentiva o consumidor e o emprego. Emprego é tudo para uma família.

Aproveitando o momento favorável, com a baixa da SELIC e dos juros da casa própria, temos que mexer com urgência no vespeiro dos juros altos para o consumidor. Com certeza todos ganhariam: o povo e o País.

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